quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Morte Absoluta


Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.


Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.


Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?


Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.


Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."


Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

Manuel Bandeira



A própria palavra desperta o medo no coração das pessoas. Elas consideram a morte tão incompreensível quanto inevitável. Mal conseguem falar a respeito, perscrutar além da palavra em si e se permitir contemplar suas verdadeiras implicações.

O mistério da morte é parte do enigma da alma e da vida em si: entender a morte significa realmente entender a vida. Durante a vida como a conhecemos, o corpo é vitalizado pela alma; na morte, ocorre uma separação entre o corpo e a alma. Porém a alma continua a viver como sempre fez, agora livre das restrições físicas do corpo.

Loana Rocha



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